Viajando pela Rússia com Cesar

O Clube Eslavo entrevistou Cesar Pellin (46 anos, Professor e Treinador Esportivo) que cursou na Universidade Cultura Física de Moscou e no Pushkin Institute.

– Em que mês e ano você foi viajar? Para quais cidade e com qual objetivo?

– Eu viajei para Rússia já algumas vezes. Foi em 2012, 2013 e 2014. Foram em anos consecutivos e fiquei exclusivamente na cidade de Moscou em todos esses três anos que viajei. Em minhas primeiras viagens (2012 e 2013), fui com o objetivo de estudar. Na primeira viagem em 2012, fui fazer um curso na Universidade Cultura Física de Moscou sobre treinamento esportivo. No segundo ano, em 2013, fiquei quatro semanas no Pushkin Institute. Viajei exclusivamente para estudar o idioma russo. Em 2014, a última vez que fui, foi mais no sentido de turismo, fiquei menos tempo, fiquei entre duas semanas à três semanas.

– Qual foi seu nível de idioma russo? Precisa estudar russo antes da viagem?

– Na primeira viagem em 2012, meu nível no idioma russo era nenhum, não sabia nada. Eu acho que é interessante sim, você estudar o idioma antes da viagem para conseguir aprender um pouco mais lá do que se você não soubesse nem do que se trata. É muito difícil você começar uma adivinhação, então, se você tiver um básico do idioma já começa a entender melhor o que acontece, seu aprendizado pode ser produtivo e você conseguirá aprender alguma coisa. Com relação ao número de aulas de estudo, eu acho melhor você tentar estudar de duas a três vezes por semana. Mas, independentemente de quantas horas você separar para estudar, você deve ser disciplinado e tentar separar pelo menos 30 minutos por dia para o estudo do idioma, pois é um processo cumulativo. Se você conseguir fazer aulas duas ou três vezes na semana, nos demais dias poderá se dedicar aos exercícios. Eu acho que precisa aprender as coisas básicas, entender um pouco de cada caso verbal do idioma Russo e se preocupar principalmente com os verbos e pronomes pessoais, porque assim você consegue entender uma frase, identificando o sentido verbal, a que pessoa o pronome se refere e qual caso. Conseguindo até comunicar-se.

– Como você levou dinheiro para Rússia? Onde você trocou ou você usava cartão?

– Todas as vezes que fui para Rússia levei dólares, foi muito fácil de trocá-los. Logo na primeira vez que fui não sabia nada. Contratei um táxi pela Universidade que me levava para a casa de câmbio, onde realizava a troca muito facilmente, mas eu também usava o cartão. Então usava o cartão em tudo quanto era lugar, tudo era muito tranquilo, com exceção da cafeteria e do restaurante da universidade, que não aceitavam, pagava-se em dinheiro, em rublo. Mas era tudo tranquilo. Eu aconselho levar as duas coisas. Aconselho usar bastante cartão porque quase tudo o que for fazer lá, você vai consegui fazer com cartão. Há coisas avulsas, coisas muito pequenas que você vai precisar de dinheiro, então é interessante você levar sim, uma parte em dinheiro com você, mas o cartão vai ajudar demais. Vale muito você concentrar seus gastos com o cartão. Eu precisei de pouquíssimo dinheiro por dia, fora a hospedagem, porque eu ficava na Universidade, e lá tinha uma refeição, às vezes, acabava fazendo uma refeição fora. Então tinha até dificuldade precisar o valor que poderia ser gasto por dia, mas é mais barato do que se gasta aqui no Brasil com comida e transporte público. Na hora de fazer troca de dinheiro eu usei o inglês, não usei o Russo. Na segunda viagem, já usei o Russo, mas é super tranquilo de se trocar, não precisa ser um bom falante Russo, é tudo muito claro, tudo marcado na casa de câmbio.

– Como você resolveu problema de operadora de celular?

– Em minha segunda viagem, usei um pouco da telefonia celular local. Não lembro a operadora que usei, porque ali perto do centro de Moscou, bem perto do Kremlin, próximo ao Balé Bolshoi, tem várias operadoras de celular, mas você precisa ter uma pessoa local, pelo menos na minha época, eu tive que contar com uma pessoa local para conseguir a liberação celular, do chip para se usar, então não usei no meu parelho, usei em um aparelho pequeno que eles forneciam e era tudo muito fácil, não sei se está disponível para todos os turistas. Custou muito pouco, eu fiquei satisfeito sim com o serviço, foi fácil, porém nos outros anos que fui, eu já não usei mais o telefone, em 2013 e 2014 usava basicamente a conexão com a internet, então minhas ligações eram feitas pelo Whatsapp, abandonei o uso da telefonia local, fiquei só com meu telefone do Brasil utilizando Wi-fi Free dos locais em que estava hospedado.

– Como foi sua experiência na entrada para Rússia?

– Foi muito fácil nas duas primeiras viagens que fui como estudante, na primeira viagem não falei nada, nós tínhamos tradução para o português com a pessoa que nos acompanhava. Na segunda viagem já falei em russo, conhecia um pouco o idioma. Nesta viagem foi o ano que fui para o Pushkin Institute. Já me fizeram um pouco mais de perguntas nesta viagem. Na terceira viagem eles me perguntaram bastante, me pararam, me fizeram muitas perguntas quando cheguei em 2014, já conseguia me virar bem em russo e foi interessante, pois me fizeram uma série de questionários, mas tudo certo. Eu sempre tive convênio médico, desde o primeiro ano que fui, em 2012. Acho que você não entra sem convênio médico se for como estudante, não tenho certeza sobre essas informações. Em 2014 quando fui como turista, eu fiz o convênio médico internacional para não ficar sem respaldo médico em Moscou, Rússia. Não tenho informação se é necessário. Acho que como turista não necessariamente implicam se você não tiver o seu seguro de saúde. Não tenho informações com relação a orientação do registro na Polícia Federal depois de ter terminado o prazo de estadia. A informação que tenho é que a universidade onde fiquei informavam aos órgãos russos onde cada pessoa ficaria hospedada em seu território. No terceiro ano o próprio hotel onde fiz o check-in, providenciaram essa informação aos órgãos do departamento do estado russo. É um procedimento que todo hotel precisa fazer. Você se hospeda, e o hotel precisa passar a informação onde esse turista está hospedado. Não tenho conhecimento se depois de um determinado prazo de estadia você precisa fazer algum registro na Polícia Federal, a informação que tenho, é que quando você coloca o pé na Rússia, eles já sabem aonde você vai dormir, local que está hospedado e a universidade confirma que você chegou para órgão de controle russo. Quando você faz o check-in no hotel, ele confirma para esse órgão de controle russo que você está hospedado lá.

– Que transporte você usou na Rússia?

– Em 2012, durante a primeira viagem, eu utilizei os serviços de ônibus e metrô, não sabia falar nada no primeiro ano, aprendi uma frase, uma frase pronta para ir comprar bilhete no guichê do metrô. No ônibus é tudo mais tranquilo, apenas apresenta o dinheiro. Já em 2014, me virei bem, pegava taxi, conversava, fazia aquele esquema de pegar carro particular, fiz isso umas três vezes, funciona como táxi, você combina o preço e ele te leva para lá e para cá, então já deu para conversar bem no terceiro ano, mas é tudo muito simples, dá para você aprender algumas frases e se virar bem.

– Como você se virava durante passeios, no hotel, nos restaurantes?

– Em 2012, no primeiro ano na universidade, quando saíamos para comer juntos havia um professor que estudou lá muito tempo que sempre intermediava qualquer conversa que nós precisássemos em passeio ou restaurante. Os passeios que nós fizemos em circo, concertos e balé, se falava um pouco na entrada e depois ficavam todos quietos lá dentro. No segundo e terceiro ano, já era russo mesmo, em algum local, como no hotel, falava-se em inglês, mas já estava em uma situação que não precisava mais, então conseguia me virar em russo e meu idioma depois do segundo e terceiro ano foi russo para me virar e fazer as coisas lá.

– Quais lembrancinhas você comprou e onde?

– Eu comprei muita coisa local, aquela coisa bem tradicional russa, mas fui além das matrioskas, comprei umas bebidas, umas vodcas bem diferentes. Você encontra essas lembrancinhas e muitas outras coisas na Av. Novy Arbat (Новый Арбат ул.) tem muita coisa nova porque fica próxima a velha Arbat (Арбат ул.), com uma concentração de restaurantes. Então ali você consegue comprar bastante coisa. Aconselho o seguinte: muitas pessoas procuram bebidas, eu acho que você deve fugir dessas lojas tradicionais, elas são muito caras comparadas aos mercados normais. Então, se você entrar em um supermercado normal, algo como o Carrefour ou Pão de Açúcar aqui no Brasil, você vai encontrar marcas de vodcas muito diferentes, bem interessantes, umas garrafas bonitas, bem apresentáveis, algumas marcas de exportação por um preço muito mais baixo, então acho que essa é uma sacada importante. Se você se preocupar em comprar vodca, ir nos grandes supermercados você encontra bebida muito boa, bem apresentável com um preço muito melhor.

– Você tem experiência com a medicina na Rússia?

– Com relação a medicina, eu não tenho experiência, não precisei usar. Foi muito tranquilo. Eu vi duas pessoas que precisaram usar, utilizaram o seguro de saúde e deu tudo certo, foram atendidas, fizeram os procedimentos e disseram que é um pouco caótico como aqui no Brasil. Uma experiência em 2012 e a segunda foi em 2013, então pelo jeito é muito próximo o que você pode encontrar aqui no Brasil.

– Você tem experiência com a polícia na Rússia?

– Quase nenhuma. No primeiro ano em 2012, nós tivemos um suporte por parte da polícia bem tarde no metrô. Andávamos sempre em turma por causa do pessoal da universidade, estávamos em 12 pessoas, inclusive alguns caras grandes e fortes devido ao treinamento físico. Quando nos deparamos com três caras bêbados (uns caras grandes também) na estação, que queriam confusão, e ficaram nos seguindo por um tempo. Havia dois policiais que perceberam a situação complicada. Não falaram nada, só impediram que viessem para cima da nossa turma. Então, a polícia foi bastante correta, agiu bem, muito bem, quando percebeu que poderia ocorrer alguma confusão. E, uma outra experiência foi com a polícia da alfândega, logo na chegada, na terceira vez que fui como turista. Eles fizeram bastante perguntas, porém, nada demais. Quase nada de experiência com a polícia.

– O que você imaginou sobre Rússia antes da viagem e se essa imaginação mudou?

– O que imaginei sobre a Rússia antes da viagem, não mudou muito. Muitas coisas se confirmaram em relação ao conhecimento que tínhamos aqui no Brasil. Por exemplo: patriotismo, pessoas muito sérias com relação à pátria, com a mãe Rússia. Isso pude perceber enquanto vivi ali perto do Kremlin, na grande capital. Fiquei muito no centro da cidade de Moscou, onde se localizava a Universidade. Ficava muito nesse eixo. Eu não conheci fora da grande capital, não visitei cidades do interior ou vivenciei como o povo mais simples vivia. Ali já é uma concentração de pessoas, uma elite maior da Rússia. Eu tinha uma visão muito diferente em relação às pessoas mais novas, porém como vivi muito com o pessoal da Universidade, esta visão mudou. Encontrei pessoas interessadas em aprender o inglês, e outras, já dominando o idioma, com uma visão mais mundial, querendo viajar, conhecer novos lugares, especialmente a Europa. Entretanto, esta questão era bem diferente com o pessoal mais velho. Já com os professores da Universidade de Cultura Física, por exemplo, eram um pouco mais abertos, mais viajados que acompanhavam a Rússia em jogos ao redor do mundo. Porém no Pushkin Institute os professores eram mais fechados e velhos, com menos experiência em relação a essas coisas de viajem. Mas nas duas situações, as pessoas jovens tanto homens como mulheres, eram muito interessados em conhecer o mundo, fora do idioma Russo e a sua grande proximidade com o Inglês. Isso é uma coisa que não imaginei que seria. Achei que encontraria um certo distanciamento do pessoal. Mas os mais jovens eram mais abertos para o mundo.

 

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Snizhana Maznova
Snizhana Maznova

Estou no Brasil a partir de 2006 e sinceramente posso dizer que adoro esse país com sua cultura tão rica e povo tão simpático. Meu pai é russo e minha mãe ucraniana com raízes da Polônia e Grécia. Até terminar época soviética vivi viajando entre Rússia e Ucrânia e considero os dois países como minha pátria. Além ministrar cursos de idiomas, trabalho como tradutora de russo e ucraniano. Atuo também como intérprete em reuniões entre brasileiros e pessoas da Rússia e Ucrânia, na área turística e viagens de negócio, e assistência para estrangeiros na abertura de empresa no Brasil e pesquisa no mercado etc.

 
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