Viajando pela Rússia com Ivan

Ivan Kuhlmann Nogueira (54 anos, funcionário público, São Paulo) conta para Clube Eslavo como foi a viagem dele para Rússia para compartilhar dicas com os brasileiros, futuros viajantes para mesmo destino.

Em que mês e ano você foi viajar? Para quais cidade e com qual objetivo?

– Eu viajei para a Rússia 2 vezes, mas na primeira fiquei apenas 3 dias, isso em 2013. Viajei novamente em fevereiro de 2017. Fui para Moscou participar de um campeonato de xadrez e passear, claro.

– Qual foi seu nível de idioma russo? Precisa estudar russo antes da viagem?

– Meu nível de russo é mais ou menos um intermediário, mas preciso melhorar. Na verdade, pretendo este ano me dedicar ao curso de russo com afinco. O número de horas para estudar deve ser o máximo possível dentro das possibilidades e estudar com prazer sem perder o foco. É melhor estudar 1 hora com vontade do que 2 ou mais sem vontade ou concentração. Para viajar para a Rússia, é essencial saber ler as letras (facilita muito, e não demora mais de 15 dias para saber bem), assim como palavras e expressões básicas. Na verdade, assim que se chega lá, a gente se arrepende de não ter estudado mais.

– Como você levou dinheiro para Rússia? Onde você trocou ou você usava cartão?

No Brasil não se vendem rublos, então é bom trocar alguns dólares no aeroporto para pegar metrô, por exemplo (no aeroporto as taxas são mais caras). É bom diversificar, ter cartão pré-pago, que é como um cartão de débito e bem aceito na Rússia, e dá para colocar dinheiro nele utilizando sua conta de banco normal, esse cartão é vendido em casas de câmbio. Também é bom levar cartão de crédito, mas lembrar que na hora de chegar a conta tem taxa de conversão< IOF etc., que também tem no cartão pré-pago, mas ele dá para controlar melhor. E claro, dinheiro, para compras em feiras, lanches na rua, moedas para metrô etc. Fora da hospedagem, acho que 100 reais por dia é mais do que suficiente para sobreviver, comer e pegar condução, sendo econômico, claro, mas sugiro mais. É bom ficar em um lugar que tenha cozinha e comprar coisas para comer e preparar, bem mais barato. Na hora de se comunicar, se os russos percebem que você tenta falar russo, mesmo errado, eles são mais compreensivos quando você erra e ficam menos rudes (não se assustem, é o jeito deles, são diretos, sinceros). Aí, num segundo momento, quando se fala em inglês, ficam até mais acessíveis. Pessoas mais velhas geralmente falam apenas russo, mas já têm muitas placas no metrô em inglês e os mais jovens falam inglês. Já os guardas, parecem entender apenas russo sempre.

– Como você resolveu problema de operadora de celular?

Em relação ao celular, comprei um chip no Brasil, no aeroporto, mas me arrependi, pois foi bem mais caro do que comprar na Rússia, embora tenha sido mais prático. Na Rússia, vá até um grande shopping, por exemplo, e compre um chip de acordo com suas necessidades (há várias sugestões na internet), você não terá grandes dificuldades para comprar, pois os vendedores querem empurrar seu produto, mesmo que você fale apenas árabe, por exemplo. Apenas fique atento para não comprar um pacote com muitas coisas que você não vai usar. No Brasil, acho que paguei uns 300 reais para usar celular uns 15 dias, mas na Rússia se consegue por bem menos.

– Como foi sua experiência na entrada para Rússia?

Na hora de entrar na Rússia eles são bem rígidos e olham para você como se você fosse procurado, mas é normal, não se assuste. Pode falar em inglês, mas tenha a passagem de volta, nome do hotel, cartão de crédito, dólares ou euros e evite sorrir. Na Rússia eles acham que quem sorri demais e à toa tem algum problema, rs. E dependendo do aeroporto em que você chegar, haverá motoristas de táxi indo atrás de você oferecendo seus serviços, de forma bem acintosa. Mas não pegue táxi, pegue metrô ou trem, mais barato e sai de todos os aeroportos e evita problemas. Mais para a frente, se você se sentir à vontade e familiarizado com o idioma, pegue um táxi, pode ser uma experiência emocionante, pois muitos adoram levar você para um lugar diferente do que pediu, mas isso pode ser lenda, ou não. Aliás, em qualquer lugar do mundo, taxistas adoram explorar estrangeiros, então apenas fique atento ou se quiser pegar no aeroporto, por exemplo, pague antes no guichê depois de informar seu destino, isso é possível. Não precisei usar o seguro de saúde, mas é necessário e bom fazer, pode ser que eles peçam. Sobre registro de entrada, isso pode ser um problema se você não ficar em um hotel. Se você for ficar mais de 7 dias na Rússia, tem que fazer um registro de entrada, tudo escrito em russo… mas o hotel faz isso para você sem cobrar, de mim não cobraram. Mas se você vai ficar em Airbnb ou hospedado na casa de alguém, é seu anfitrião que tem que fazer, avise com antecedência que você vai precisar. No meu caso, fiquei em Airbnb, mas passei alguns dias no hotel para não me cansar muito, pois precisava pegar trem e metrô todos os dias de onde estava. Aí aproveitei para pedir o registro no hotel. E lembre-se que se você mudar de cidade, tem que fazer novo registro. Na verdade, esse registro é para todos, inclusive os russos, muitos nem ligam, muitos nem pedem, mas na dúvida é bom fazer para evitar problemas ou não tremer de medo quando guardas chegarem perto.

– Que transporte você usou na Rússia? 

–  Na Rússia usei táxi (da primeira vez) e trem e metrô. Os russos são muito apressados, se você parar no metrô no meio do caminho eles passam por cima, rs, mas é o jeito deles. Como muitos estão com casacos para frio, os esbarrões nem são doloridos. Se você quiser treinar russo, peça bilhetes na bilheteria, a mulher (geralmente) vai falar rápido com você e haverá pessoas atrás pressionando, é um bom treinamento. Caso contrário, depois que você pegar o jeito, dá para comprar com moedas nas máquinas do metrô ou estações de trem. Essas máquinas também aceitam cartões. Sugiro comprar vários bilhetes e sempre andar com moedas, lá eles usam muito.

–  Como você se virava durante passeios, no hotel, nos restaurantes?

–  Nos passeios, tem prospectos em inglês e até em português nos passeios pelas igrejas do Kremlin. Como tem muitos turistas, fica mais fácil nessa hora. Nos hotéis e restaurantes tem menu em inglês e em redes de comida. o Mumu, por exemplo, assim como em outros lugares, dá para visualizar os pratos e ir pegando o que agradar, apesar que nunca dá para ter certeza do gosto das coisas, mas essas surpresas, boas ou não, fazem parte da viagem. Caso queira, pesquise antes, mas tira um pouco do encanto. Dá para treinar russo em todos esses lugares, passando vergonha ou não, na verdade eles acham engraçado. Os russos são boa gente, mas eles não tem, como direi, muitos eufemismos, são diretos, objetivos, se gostam de você falam na cara,se não gostam também, essa forma direta assusta no começo, mas garanto que dá até mais segurança depois.

–  Quais lembrancinhas você comprou e onde?

–  Sugiro comprar lembranças em https://www.tripadvisor.com.br/Attraction_Review-g298484-d300378-Reviews-Izmailovsky_Market-Moscow_Central_Russia.html. É bem interessante, barato (tem que pechinchar, há vendedores que falam português, inclusive, falarão marciano se for para vender), tem comidas típicas etc. e não é muito distante do metrô, dê uma pesquisada. Lojinhas no centro ou hotel são mais cômodas, mas bem mais caras. Compre matrioskas, vodkas (muito baratas, o difícil é trazer, vi uma sugestão e enrolei as que comprei em fraldas para proteger!). O difícil foi explicar para a dona do apartamento em que fiquei o que era aquele monte de fraldas que sobraram, rs.

–  Você tem experiência com a medicina na Rússia?

–  Não tive problemas médicos na Rússia, mas coisas básicas de que precisei, coisas para lentes de contato ou antiácidos comprei na farmácia, os produtos são bem parecidos, até várias marcas são as mesmas daqui. Aliás, notei que nas propagandas da TV anunciam muitos produtos de farmácia.

–  Você tem experiência com a polícia na Rússia?

–  Em relação à polícia, pedi informações algumas vezes, mas admito que assusta um pouco. Há vários tipos de policiais, com roupas e chapéus variados, uns com roupas bem imponentes, geralmente andam em duplas, mas todos passam um certo medo ou respeito…

–  O que você imaginou sobre Rússia antes da viagem e se essa imaginação mudou?

–   Por mais que a gente leia e estude, quando se chega na Rússia é diferente, só estando lá para saber. Sugiro não ficar apenas nas partes turísticas, mas também andar pela rua sem rumo definido (sem se perder) ir a supermercados, restaurantes típicos. Enfim, procurar sentir como vive um russo. Já estou com vontade de voltar.

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Snizhana Maznova
Snizhana Maznova

Estou no Brasil a partir de 2006 e sinceramente posso dizer que adoro esse país com sua cultura tão rica e povo tão simpático. Meu pai é russo e minha mãe ucraniana com raízes da Polônia e Grécia. Até terminar época soviética vivi viajando entre Rússia e Ucrânia e considero os dois países como minha pátria. Além ministrar cursos de idiomas, trabalho como tradutora de russo e ucraniano. Atuo também como intérprete em reuniões entre brasileiros e pessoas da Rússia e Ucrânia, na área turística e viagens de negócio, e assistência para estrangeiros na abertura de empresa no Brasil e pesquisa no mercado etc.

 
Comentários sobre Viajando pela Rússia com Ivan

Grato por compartilhar! Poderia dizer mais sobre o torneio? Sou fã de xadrez também! Спасибо большое!

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